Nem sempre conseguimos olhar pra frente com otimismo. Não adianta frases prontas: "não desista!; tenha esperança!; olhe pro futuro com expectativa..." São inúmeras vozes que insistem em nos mostrar um futuro melhor. São insentivos para não desistirmos no meio do caminho; São gritos, estímulos, empurrões de quem acredita que a realidade pode ser mudada pra melhor e estar ou deixar alguém estagnado, não soa e não faz bem! Coisas de amigos!
Somos diariamente desafiados a olhar adiante, buscar a concretização dos nossos sonhos e ideais. O" sucesso está a um passo adiante". Todos estes estímulos tem lá seu valor, mas, tenho aprendido que a vida é talhada de uma realidade as vezes cinzenta, sem brilhos, sem músicas e sem luzes. Tenho descoberto o valor do silêncio, da fragilidade, dos fracassos e das perdas. Perder as vezes faz muito bem à alma!
Acredito que a vida da grande maioria das pessoas se tornou um duelo enfadonho pelo bem estar, pelo "sucesso", pelas grandes conquistas, pelo prazer e satisfação. Contudo, não é difícil perceber que a cada dia cresce o número de pessoas amarguradas, frustradas, iradas e desgostosas de tudo e da vida. Gente boa, que não sabe mais o que fazer para que sua vida seja de fato, uma vida que valha a pena.
A verdade é que podemos encontrar um profundo valor nos fracassos, derrotas, nas perdas e nas dúvidas. Não é o fim perder! Pois, perder pode nos tornar mais humanos, sensíveis, solidários e humildes. A solidão, pode nos levar a valorizar mais o outro, a companhia, o tempo junto. Perder, pode nos fazer ganhar! Podemos nas perdas, ganhar sabedoria para reorganizar nossas prioridades, valores, nossos alvos e objetivos que de fato são importantes e que deveriam ser inegociáveis.
Tenho aprendido a arte do garimpo no campo da dor; Quero crescer diante as perdas, diante a solidão e saudade. Quero decobrir as riquezas das lentes embaçadas quanto ao futuro, que me é um desafio e aberto às surpresas. Quero reaprender a valorizar o momento, ainda que seja breve, o instante, ainda que pareça obscuro, o encontro, ainda que passe tão rápido. Pois alguns desses encontros podem se eternizarem. Anseio os olhos lacrimejados de quem chora junto a dor do outro; O coração rasgado de quem não lida com a vida alheia com desdém; Ouso trilhar o caminho daqueles que perderam o chão diante as surpresas da vida, mas não perderam a ternura e a bondade; Quero suspirar as palavras do meu Senhor, aos que me ferirem - "Pai perdoa-lhes..."! Decido que as perdas na vida, usarei para me tornar mais humano! Quero ganhar nas perdas!
